Fernando Diniz é aquele tipo de treinador que não passa em branco, alguma sensação ele causa em quem acompanha o futebol mais de perto, alguns o adoram, se encantam com o jogo de suas equipes, enquanto outros o abominam, dizem que seu estilo de jogo não traz resultados e que esconde sua incompetência em sua forma de jogar.
Como em tudo na vida a verdade parece estar no meio do caminho, as equipes do treinador costumam sim encantar, muitas vezes vemos jogadores serem potencializados por ele, todos os seus times têm alguns momentos de altíssimo nível apresentado, porém os tombos parecem sempre serem maiores. Os erros em saídas de bola pelo chão as vezes custam gols, a movimentação constante em torno da bola, faz com que as perdas da posse sejam catastróficas de vez em quando e o mais óbvio, nem sempre o treinador possui o material humano necessário para executar sua proposta de jogo.
Em meio a erros e acertos e com direito a tudo que foi citado no parágrafo anterior, o técnico faz o que talvez seja o seu melhor trabalho na carreira, o mais maduro, com melhor material humano (ele vem formando esse elenco desde o ano passado) e com um título, afinal um carioca pode até parecer pouco, mas não para alguém que não tinha nenhuma conquista relevante na carreira.

Para os que valorizam apenas as conquistas importantes, o trabalho ainda não tem nada demais, uma derrota na semifinal ou na final será o suficiente para tratar tudo como um retumbante fracasso, mas vamos aos fatos.
O Fluminense teve no ano passado, nas mãos de Fernando Diniz, a sua melhor campanha no brasileiro desde 2012, ano de sua última conquista em âmbito nacional, terminou em terceiro lugar. Esse ano, apesar da briga pelo título estar muito longe, a campanha continua no mesmo nível, ocupa o quinto lugar, um ponto atrás do terceiro.
O título carioca não parece muita coisa, mas no contexto atual, vencer o Flamengo, um time com muito mais poderio financeiro e com um elenco melhor é sim uma missão muito difícil, o título precisa ser valorizado.
A campanha na Copa do Brasil ficou abaixo do que o torcedor esperava, mas se devemos valorizar um título em cima do maior rival, também devemos entender que uma eliminação é normal, mesmo o Palmeiras do Abel Ferreira também caiu para um rival em teoria mais fraco, além disso o Fluminense passava por um momento de oscilação na temporada (algo normal que todo time passa) e tinha alguns desfalques importantes no confronto.
Por fim, a campanha na Libertadores, é apenas a segunda vez em sua história que o Flu chega a uma semifinal do torneio mais importante da América, esse feito precisa ser valorizado. O primeiro lugar em um grupo que tinha o bicho papão River Plate, as classificações até tranquilas contra Argentinos Juniors e Olimpia, campanha excelente, ainda mais para um treinador famoso por “não saber se defender”.

Todos os pontos citados acima são para demonstrar como esse trabalho não pode ser avaliado apenas pelo resultado esportivo, o que o Fluminense encontrou nas mãos de Fernando Diniz foi evolução em relação as temporadas anteriores, tanto na forma como a equipe joga como em relação aos resultados. O tricolor entendeu em quem estava apostando, entendeu que valia tolerar todos aqueles riscos citados no segundo parágrafo e como podemos notar eles não têm acontecido mais.
O “Dinizismo” parece estar funcionando melhor do que nunca, o treinador ganhou uma chance na seleção e o tricolor das laranjeiras continua sonhando com a glória eterna, em casa ainda, para deixar mais especial, alguém não reconhecer que o trabalho é bom é pura birra mesmo.